Não acredito em Deus. Não acredito no velho barbudo que solta raios pela mão. Muito menos numa força superior que rege tudo. Descobri isso na madrugada de sábado. Senti-me mais sozinho do que nunca. Agora entendo a sua solidão, Vinicius. Conversamos até o amanhecer. Gosto de conversar. Gosto de pessoas inteligentes que sabem conversar. Por isso sempre amanhece. E isso é uma das poucas coisas que fazem sentido pra mim. Então leio o amigo Bebum e descubro os mesmos pratos empilhados na pia.
Eu sei, Sofia. Talvez fosse mais fácil acreditar na vida eterna. Mas não consigo acreditar nisso. Sou ansioso demais. E sofro por isso. Estou velho e ainda não fiz tudo o que queria. E eu só queria envelhecer como o Clint Eastwood.
Não peço que entendam a minha melancolia. Também não entendo as pessoas que acreditam “numa força superior que rege tudo”. Esse meio termo é ridículo. Parece que a pessoa não tem coragem nem de admitir que acredita em Deus e nem que não acredita. Deus não é uma força superior que rege tudo. Deus é Deus, porra.
Outra coisa que não entendo é a busca incessante das pessoas pela felicidade. Não fazem outra coisa além de correr atrás da felicidade. As pessoas estão viciadas na felicidade. Outro dia mesmo o cara matou a mulher e a filha para ser feliz com a amante. E assim como você, ele só quer ser feliz. E não é a mesma coisa que usar cocaína? Passar a vida sorrindo é que nem cheirar cocaína. Você não pára. Você não chora. Você não pensa. Você não existe. Você não entende nada, muito menos a melancolia de alguém.
A vida é ser feliz e triste e chato e fodão e um monte de coisas. Sem grau de importância. Sem julgamento de valores.
Queria gostar de cerveja para recusar o vinho barato. Não me preocupo em atribuir sentido as coisas. Preocupo-me em sentir, só.
Estou velho, viúvo, sozinho. O amigo vai embora. Até a revista faliu. E posso afirmar que não estou melhor e nem pior do que você. Estou morrendo. E quem não está, Sofia?
Eu sei, Sofia. Talvez fosse mais fácil acreditar na vida eterna. Mas não consigo acreditar nisso. Sou ansioso demais. E sofro por isso. Estou velho e ainda não fiz tudo o que queria. E eu só queria envelhecer como o Clint Eastwood.
Não peço que entendam a minha melancolia. Também não entendo as pessoas que acreditam “numa força superior que rege tudo”. Esse meio termo é ridículo. Parece que a pessoa não tem coragem nem de admitir que acredita em Deus e nem que não acredita. Deus não é uma força superior que rege tudo. Deus é Deus, porra.
Outra coisa que não entendo é a busca incessante das pessoas pela felicidade. Não fazem outra coisa além de correr atrás da felicidade. As pessoas estão viciadas na felicidade. Outro dia mesmo o cara matou a mulher e a filha para ser feliz com a amante. E assim como você, ele só quer ser feliz. E não é a mesma coisa que usar cocaína? Passar a vida sorrindo é que nem cheirar cocaína. Você não pára. Você não chora. Você não pensa. Você não existe. Você não entende nada, muito menos a melancolia de alguém.
A vida é ser feliz e triste e chato e fodão e um monte de coisas. Sem grau de importância. Sem julgamento de valores.
Queria gostar de cerveja para recusar o vinho barato. Não me preocupo em atribuir sentido as coisas. Preocupo-me em sentir, só.
Estou velho, viúvo, sozinho. O amigo vai embora. Até a revista faliu. E posso afirmar que não estou melhor e nem pior do que você. Estou morrendo. E quem não está, Sofia?
Ass. Seu Cisco
Muito bom o seu texto. Cai aqui procurando uma coletânea de música chamada "O fino da fossa" e me deparei com seu texto. Partilho de muitos pontos de vista escritos ali. Sou ateu também, e ultimamente tenho me sentido sozinho. Tenho escrito alguns textos no meu blog também. Um abraço!
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